O Projeto de Avaliação de Impacto ao Patrimônio Arqueológico da Linha de Distribuição de Alta Tensão (LDAT) de 138kV Imbituva – Prudentópolis, nº do Processo 01508.000577/2019-91, foi executado no ano de 2021 pela Fundação Aroeira, sob a coordenação geral do arqueólogo José Luiz Lopes Garcia. A LDAT permitirá a integração da futura subestação 138 kV Imbituva até a subestação de 138 kV Prudentópolis, com extensão de 50.770 metros e composta por 150 estruturas, abrangendo os municípios de Imbituva e Prudentópolis – PR.
O objetivo geral da pesquisa consistiu na obtenção de informações científicas a respeito dos processos envolvendo os grupos pré-históricos, ocorridos na região a ser afetada pelo empreendimento, bem como coletar elementos significativos do patrimônio histórico-cultural da região afetada, tendo como referência básica o processo de ocupação da área e a consequente organização do espaço sociocultural, incorporando essas informações à Memória Nacional.
Foram adotadas, para a realização das atividades de avaliação do impacto arqueológico, estratégias metodológicas distintas a serem realizadas concomitantemente na área do empreendimento a fim de verificar a presença de vestígios arqueológicos no local. As quais puderam ser divididas em dois conjuntos: Levantamento Oportunístico e Levantamento Sistemático. A assistemática, (Levantamento Oportunístico) que foi realizada na Área Diretamente Afetada (ADA) e na Área de Influência Direta (AID) do empreendimento, visou a busca de informações prestadas pelos moradores da região bem como a observação de locais que proporcionem visibilidade para a possível localização de sítios (EVANS & MEGGERS, 1965).
O caminhamento foi realizado em toda a extensão da ADA do empreendimento, com arqueólogos e auxiliares dedicando-se a observação da superfície do solo para identificação de possíveis vestígios ou estruturas arqueológicas, especialmente nos trechos entre as torres e entre os pontos para prospecção em subsuperfície.
Além do caminhamento da ADA do empreendimento, a prospecção sistemática proposta, contou ainda com a realização de intervenções em subsuperfície, dispostas de duas maneiras. A primeira diz respeito a intervenções realizadas nas áreas das torres desta linha, e compôs-se da abertura de cinco poços-testes, dispostos nos locais onde serão instaladas as bases das torres, tomando um formato quadrangular, com um ponto central. A segunda diz respeito a abertura de poços-testes com cavadeira retrátil, distando cerca de 100m entre si, os quais foram dispostos ao longo da linha, nos locais onde não serão inseridas as torres.
Para o material arqueológico identificado foi observada a recorrência ou não destes vestígios para a classificação do local como sítio ou ocorrência arqueológica.
No local onde foi identificado os vestígios arqueológicos em superfície e ou subsuperfície, marcou-se esse ponto e escavou-se uma sondagem de 1m² (de 1 m x 1 m), por níveis artificiais de 10 cm, a fim de se verificar a espessura e profundidade do depósito arqueológico e a estratigrafia do local.
Em estudos realizados pela Urbe Vital em 2019 à serviço da Copel, houve a identificação da presença de vestígios arqueológicos em vinte e seis pontos ao longo da Linha de Transmissão pesquisada. Neste sentido, optou-se por retornar aos pontos identificados em busca de se fazer uma averiguação minuciosa se estes locais seriam Ocorrências Arqueológicas ou Sítios Arqueológicos e se estariam dentro ou fora da ADA.
Dessa forma, constatou-se que em toda a extensão desta linha de distribuição o alto grau de degradação da paisagem e estratigrafia, desagregando totalmente o pós deposicional, isso em função da alta rotatividade das culturas praticadas há décadas. Somando-se a isso, os materiais visualizados em 2019 pela Urbe Vital apresentavam-se também com pouca densidade, e portanto, foram provavelmente desestruturados e consequentemente removidos em decorrência, como já relatado, das contínuas atividades de agricultura nos locais. Após as pesquisas em toda a extensão da linha de transmissão, não foi encontrado nenhum sítio arqueológico na ADA do empreendimento.
Alguns fragmentos foram coletados, para uma análise laboratorial, na tentativa de se obter alguma informação que pudesse vir a agregar conhecimento para a região. Em vários locais de coleta só foi encontrado uma peça apenas, não se podendo inferir muitos aspectos sobre variabilidades e persistências técnicas na elaboração de instrumentos líticos, cerâmicas e metal, para tal se necessitaria ter encontrado uma densidade bem maior de artefatos e coletá-los, em função disso restou apenas as descrições e interpretações relatadas intrínsecas a cada peça.
No ponto PRDT-15 foi possível identificar que houve uma utilização do local destinado a atividade de lascamento de debitagem pelo fato de que não foram encontrados instrumentos e que as peças estão mais relacionadas a diminuição de volume e limpeza de suportes para instrumentos.
Apesar de ser possível esta interpretação do local de ocorrência da peça e haver uma coerência técnica do material analisado, deve tratar-se de um local de atividade de lascamento temporário, com uma densidade de material muito baixa. Considerando a pouca quantidade de vestígios presentes nesse contexto, não foi possível proceder com uma associação cultural efetiva
Quanto ao acompanhamento arqueológico ao ser realizado no momento das obras, segue tabela abaixo com destaque na cor laranja para os pontos onde se sugere o acompanhamento.
Na etapa de atividades de esclarecimento desenvolvidas com a comunidade local foi produzido um folder didático e uma videoaula que devido a situação da pandemia, foram divulgadas eletronicamente para as instituições educacionais próximas a ADA do empreendimento.
Os trabalhos realizados em campo para a avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico da LDAT 138 kV Imbituva – Prudentópolis cumpriu todas as etapas metodológicas propostas pelo projeto.
Coordenação Geral: José Luiz Lopes Garcia